quarta-feira, 25 de maio de 2011

Salvador tem um dos menores salários do Brasil

Se você é jornalista e não pretende atuar como repórter, colunista, fotógrafo, editor, pauteiro ou correspondente internacional... lá vai uma dica: assessoria de imprensa. Elaborar releases, promover eventos, acompanhar entrevistas, fazer clipping e manter um bom relacionamento com a mídia são algumas das atividades desenvolvidas pelo assessor. A carga horária de trabalho varia entre cinco e oito horas por dia e alguns finais de semana podem fazer parte da rotina. 

Neste momento, você deve estar se perguntando: com tantas atribuições, qual deve ser minha remuneração? Pesquisa realizada pela Revista PONTE com profissionais da área que atuam em grandes empresas de assessoria em cinco capitais brasileiras, revela uma triste realidade: Salvador é a que paga menos a um assessor, constatação divergente do discurso do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (SINJORBA).




De acordo com a associação de classe, os jornalistas baianos ganham em média R$ 2 mil, mesmo salário pago em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba. Este valor também foi divulgado pelos sindicatos das quatro capitais mencionadas – porém incompatível com o que atestaram os entrevistados de PONTE.

Por aqui, o salário que deveria realmente ser pago fica só na teoria, porque na prática a remuneração cai substancialmente. A jornalista Alessandra de Oliveira, que foi assessora por dois meses da “Texto & Cia”, em Salvador, recebia salário inicial de R$ 800. Passava o dia no escritório produzindo matérias, pautas, entrevistas, clippings, mantendo contato com a imprensa e atendendo seis clientes da empresa. “O salário é baixo, mas em comparação com o valor pago por alguns veículos de comunicação daqui, vejo que compensa. Este é o salário inicial de um assessor (R$ 800), que, mais para frente pode chegar a R$ 1.300. Conheço profissionais de TV que começam ganhando R$ 500”, compara. Alessandra vê na carga horária de trabalho outro ponto a favor da assessoria. “É algo mais livre, não trabalhava aos finais de semana, nem feriados”.

O diretor comercial da Varjão & Associados, Eliezer Varjão Bonfim Filho, confirma. “A média aqui da empresa varia de R$ 800 a R$ 1.500, a depender do cargo e número de clientes atendidos, que varia de três a quatro”, explica.

Valorização - Na capital do País, a realidade é bem diferente. O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, Romário Schettino, afirma que a média salarial de um assessor é de R$ 4.500. De acordo com ele, um profissional pode ganhar de R$ 2 mil a R$ 10 mil, a depender da empresa e para quem trabalha. “Os concursados do Senado e da Câmara ganham bem, em torno de R$ 10 mil. O assessor de ministros recebe cerca de R$ 6 mil”, afirma.

Mas tocar no tema salário ainda é delicado. Procurado pela PONTE para falar sobre remuneração, um assessor de imprensa de uma das maiores empresas da área desconversou. A FSB Comunicações, de Brasília (com sede também no Rio, São Paulo e Belo Horizonte), é um nome de peso no mercado, tendo sido responsável pela campanha que elegeu o Cristo Redentor como uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo, em 2007. Mesmo diante de especulações sobre os valores pagos, o assessor da FSB, Narciso Portela, preferiu não comentar o assunto, mas revela o desejo de diversificar sua área de atuação. “Desejava muito trabalhar na redação de um grande veículo, porém o mercado ainda é restrito”, lamenta.

Em São Paulo, a megalópole brasileira, a situação também é financeiramente mais confortável. De acordo com o Sindicato de Jornalistas Profissionais da capital, o salário de um assessor pode chegar a R$ 3.200. Informação ratificada pela assessora da Ketchum Estratégia (empresa há 20 anos no mercado), Natália Ferreira. “Trabalho nove horas por dia e atendo um só cliente. Faço todas as atividades de um assessor de imprensa e ganho pouco mais de R$ 3 mil”, conta.

No Rio de Janeiro e em Curitiba, o quadro é bem parecido. O salário médio passa dos R$ 2 mil, garantem os sindicatos locais e os assessores ouvidos. Para o diretor geral da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), José Carlos Torves, a remuneração dos jornalistas que trabalham em assessoria de imprensa deveria ser o dobro do piso salarial da categoria. “Quem negocia essa média são os sindicatos (de jornalistas) de cada região. Mas, na grande maioria dos estados, não existe sindicato organizado das empresas de comunicação e, portanto, não há piso salarial para essa atividade (assessoria de imprensa). Este é exatamente o caso da Bahia”, destacou Torves.

Um comentário:

  1. Não existe em nenhum lugar uma pesquisa que relacione as empresas com os piores salários do Brasil. No serviço público federal é facil: é o Ministério do Trabalho, mas na empresa privada não existe. Tai a sugestão.

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