segunda-feira, 16 de maio de 2011

Crônica - Minha pauta foi para o lixo!

Às 7h saio de casa sob um sol de rachar. Ônibus lotado. Trânsito caótico. Chego ao meu local
de trabalho: uma sala apertada, com apenas três mesas e seis funcionários. Tudo isso e apenas três computadores. Penso: “Pelo visto, o dia não será tão fácil”.

Na primeira sentada, o telefone toca. Nem respiro direito, mas fazer o que? É o diretor da empresa. “Vamos começar uma campanha no interior do Estado e preciso que vocês divulguem ainda hoje, pela manhã”. Hummm... aquela notícia cai como um pesadelo. Não que eu não goste de fazer releases, mas o momento realmente não era propício. Repórteres ligavam a todo momento para solicitar entrevista. Como eu iria fazer tudo sozinha? Ainda precisava apurar os fatos, procurar o fulano do setor tal, dados estatísticos, providenciar fotos. Uma loucura! Os dois telefones não paravam de tocar. Ainda teria que clipar todas as notícias. O que fazer primeiro?


Trim trim: é o diretor cobrando a matéria. E nem consegui falar com o coordenador responsável. Ele não atende o telefone da sala, nem o celular. Largo tudo e vou tratar logo disso. Antes, respiro fundo, pego um copo de água e vou à caça da notícia. Me dirijo à sala do homem. “Ele está em reunião”, escuto a secretária falar.

Aguardo mais de 20 minutos e o meu celular não para de tocar. Enfim, consigo pegar as informações. Mas ainda faltam mais algumas. O relógio já marca 11h. Meu prazo expira em uma hora. “Corro atrás do tempo” para não levar a fama de incompetente. Sento para escrever a matéria e inúmeras solicitações começam a ressurgir das cinzas para me atazanar.

Noto que nem deu tempo de assistir à mensagem de auto-ajuda de Ana Maria Braga no início da manhã. Entre uns ajustes aqui e ali e, diante de várias intervenções, termino meu trabalho “nas coxas”...

Mas antes de enviar o texto para os jornais, preciso do aval da coordenadora que tem outra ocupação. Ligo para checar se ela recebeu. Diz que sim, mas completa: “ainda faltam algumas informações que acho importante você acrescentar”. Penso: é o fim mesmo. Nessa
altura do campeonato? Respiro mais fundo ainda. O diretor liga novamente e eu digo que em instantes tudo estará pronto.

Ufa, terminei! Agora só falta buscar meu mailling com mais de trezentos contatos de jornalistas e enviar o texto. Vou embora com a sensação de dever cumprido e com a certeza de que amanhã a notícia vai estar em todas as rádios, TVs e impressos.

No dia seguinte, acordo bem cedinho e nem consigo tomar café, ciente de que poderia ter uma manchete no Jornal A Tarde, sonho de todo assessor. Chego na sala e vou direto fazer
o clipping. Procuro em todas as editorias e nada! Nada nos sites, nas rádios...e, de repente, chego a uma conclusão irritante: MINHA PAUTA FOI PARA O LIXO!. Minha matéria bem elaborada foi substituída pelo sangue de uma chacina que aconteceu no dia anterior.

Será que fui uma assessora incompetente? Isso é o que o meu diretor deve estar se perguntando agora!











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